Os Subgêneros da Literatura de Crime e Mistério
 
segunda-feira, 1 de março de 2010
Não é de hoje que tenho problemas com algumas editoras que não respondem e-mails nem quando são do seu próprio interesse. Já cansei de enviar e-mail solicitando informações de um livro para que eu pudesse divulgá-lo, e demorarem mais de uma semana ou simplemente não me responderem.

Ao ler a entrevista que Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, deu à Folha de São Paulo, fiquei feliz e ao mesmo tempo triste. Feliz por perceber que o problema do descaso não é pessoal comigo, pois até mesmo eles da Livraria Cultura, que é uma das maiores redes de livrarias do Brasil (se não a maior), também sofrem nas mãos delas (editoras), e triste por todo esse quadro decepcionante. Veja um trecho da entrevista abaixo:
Folha - Numa entrevista em 2006, o sr. afirmou que a indústria editorial era defasada, não tinha visão e não tratava o livro como negócio. Permanece assim?

Herz - Bastante. Quando comecei [a vender livros] na internet [em 1995], a gente desenvolveu um software para as editoras nos mandarem os seus catálogos num formatinho já pronto, txt, com informações básicas (autor, título, sinopse), para alimentar a internet. Se eu te disse que zero respondeu. Tive que fazer tudo eu. Para divulgar o livro de uma editora xis. Ninguém viu o potencial da internet do qual falo há 15 anos. Está tudo pronto lá, autor, página, preço, medidas. Não quero informação confidencial, quero informação que eu não tenha que sacar funcionários para fazer uma coisa que já está pronta. Hoje uma grande queixa dos internautas é a falta de resenhas [sinopses] dos livros. Eu que tenho que fazer a resenha do livro que você editou? Pô, me entrega isso pronto, amigo. Muitas mandam, mas muitas não.

Entrevista completa em: Folha Online

Será que é muito pedir que as editoras dediquem mais atenção para atender aqueles que estão ajudando-a? No caso específico do meu blog, a falta de informações sobre um livro faz com que eu não tenha como postá-lo. Quem perde com isso? Todos, mas mais a editora, que deixa de ter seu produto divulgado. A vontade que me dá é, mesmo depois dos dados serem divulgados em livrarias online, boicotar a editora e não apresentar mais livros dela por aqui. Mas se eu fizer isso vou acabar prejudicando vocês leitores.

Elas continuam com esse descaso porque sabem que sempre tem alguém que faça por elas. Não se preocupam muito com o marketing porque sabem que a própria livraria vai criar promoções e etc para vender o livro. Não se preocupam em ceder informações porque sabem, como vimos na entrevista acima, que a própria livraria as preencherá, pois também é interessada na venda do mesmo.

Desculpem-me pelo desabafo, mas é que me revoltei ao ler a entrevista e imaginar o quanto o mercado editorial brasileiro poderia ser melhor se nós leitores fossemos levados a sério.

Boas leituras

7 comentários:

Anônimo disse...
1 de março de 2010 às 12:11

Estou totalmente com você, Thiago. Já conversamos sobre isso. Acho um absurdo também. Nós leitores somos clientes. Merecemos respeito e, quanto melhor tratados, mais prazer teremos em divulgar o produto. Cito como exemplo a própria Livraria Cultura. Poucas empresas tratam tão bem seu cliente quanto ela, e as editoras deveriam envergonhar-se e seguir seu exemplo.
Também me sinto atingida por esse descaso. Quantas vezes escrevo pra uma editora em busca de uma informação! Poucas se dignam a designar alguém pra pregar a bunda na cadeira e responder a nossos e-mails.
Quando é que essas editoras vão perceber o potencial de seus leitores e mudar esse estado de coisas?

Anônimo disse...
1 de março de 2010 às 20:13

Oi adorei o seu novo template mas demorei pra encontrar o lugar onde poderia comentar!!

Bom, espero que entenda: não vou me identificar pois trabalho no meio editorial mas tb acho o mesmo que você. com veemencia. Seja como leitor, como livreiro e por acompanhar o mercado como um todo de uma forma geral.

É um absurdo a leviandade, o "esquecimento" displicente que a maioria das editoras brasileiras dão à publicidade de seus próprios produtos. Acho que é um segmento que está engatinhando aqui no pais, salvo raras exceções. Há muita acomodação.

Ate mesmo os livreiros sofrem com isso. muitas vezes apenas as grandes redes são privilegiadas, mas como vemos na entrevista do Pedro, isso não acontece nem com eles. O que dizer então das pequenas e médias livrarias? São os blogs e a internet de forma geral, os suplementos literários de veiculos de informação e os livreiros que fazem ou desfazem um livro. Não podemos desmerecer nenhum desses fatores.

Se toda a cadeia do livro trabalhar junta e for respeitada, as coisas andam. Do contrário, nos revoltamos e a vontade e a de sabotagem. O que seria um tiro no pé. Mas a revolta muitas vezes pelo tanmanho descaso fala mais alto, infelizmente.

abs

T.

Thiago Carvalho disse...
1 de março de 2010 às 20:41

Pois é Lilian, até a hora que a blogosfera literária se revoltar e resolver boicotar e os leitores abraçarem nossa causa boicotando as compras também!!! =P

---

Olá T. (fiquei curioso para sabem quem você é.. rsrs)

Sobre o template, vou tentar melhorá-lo para ficar mais fácil identificar o local dos comentários! Obrigado pela dica.

Agora quanto ao assunto do post, eu fico bobo como algumas editoras não sabem trabalhar. Já cansei de enviar email solicitando informações sobre lançamentos e etc e fui ignorado. Olha como seria legal se as coisas seguissem esse fluxo:
- Eu solicito informação sobre um livro.
- A editora me responde com as informações.
- Eu fico feliz por ela ter respondido, posto as informações do livro no blog.
- O leitor lê, fica feliz com a informação e procura o livro para comprar ou indica pra alguém.
- A editora fica feliz com a procura e a divulgação do livro.

E olha que os posts que faço sobre os livro são de graça. Imagina se eu cobrasse??

Abraço

Leitura Nossa disse...
1 de março de 2010 às 21:39

Bem, não é a toa que temos poucos leitores em nosso país...
Afinal pra ser leitor tem que se ter muita força de vontade, determinação e dinheiro...
Nossos livros são caros, muitas vezes mal produzidos (com capas, traduções e revisões que deixam a desejar) e se não bastasse tudo isso, muitas vezes temos a impressão que as editoras nos prestam um grande favor quando nos passam informação sobre um determinado livro...
É preciso ter coragem para ser um leitor nesse país... é ou não é??

beijos,
Dé...

Dee disse...
3 de março de 2010 às 10:21

É por isso que eu digo e repito, sempre: livros em inglês!

É mais fácil você se comunicar com os próprios autores do que com as editoras brasileiras.

Passou de descaso já. ¬¬'

Bonespedia disse...
6 de março de 2010 às 20:15

Eu tb já tive mt interesse em comentar sobre livros mas antes, já pensava na dificuldade de achar resenhas. Na maioria das vezes não tem nenhuma que realmente passe a informação desejada.

Eu ainda não compreendo por que é assim aqui no Brasil. Adoro livros, mas sei da dificuldade de nós leitores encontramos para achar mais informações sobre autores e suas obras. Sou louca pelos livros da Kathy Reichs (série Bones) e aqui no BR só foram traduzidos dois dos treze livros da série. É pedir muito por um livro que sempre se encontra em 1º lugar no NY Times?

Enfim, ótimo post moço, como sempre. Bjocas.

Inácio Dantas disse...
2 de janeiro de 2012 às 14:26

Thiago,

li sua abordagem a respeito do probl. com as editoras. Mas não é só isso. Elas dão preferência a escritores estrangeiros em detrimento ao brasileiro. Tenho uma trilogia de romance policial e tento fazer com que ao menos leiam um dos originais para avaliação Editorial. Vou lhe confessar, é difícil. A gente fica no último lugar da fila, para o dia de são nunca...

Abs, continue divulgado tão apreciado gênero.

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